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O celular vai destruir a humanidade

O celular vai destruir a humanidade.É sério! Anote aí no bloco de texto do seu smartphone. 
Foto: Pixabay

O celular vai destruir a humanidade.É sério! Anote aí no bloco de texto do seu smartphone

Nos museus, as pessoas não contemplam mais as obras. As fotografam para postar no Instagram.

Nos encontros com os amigos, de repente há um silêncio. Todos estão conferindo o que os outros amigos - que não estão presentes - escreveram no WhatsApp. Ora! Imaginem ficarmos três longas horas sem conferirmos aquelas imagens, vídeos e textos de piadas tão necessárias para a nossa sobrevivência! Não por acaso, há lugares públicos em que a mensagem de boas-vindas é: "Não temos wi-fi, conversem entre si!"

Os policiais, em seus postos de vigia, conferem seus celulares, enquanto um ladrão rouba um desatento na rua que abria o Facebook pela quinta vez na última hora. A manicure - enquanto lhe arranca um bife - lê a última mensagem. O instrutor da auto-escola pede que você entre na contramão enquanto confere o último comentário do grupo. O seu chefe, via "Zap", lhe pede uma tarefa fora do horário comercial. É uma escravidão!

Ao dar as garfadas em uma comida que não sabemos exatamente o que é, abrimos o e-mail de trabalho para conferirmos se o contato x nos respondeu. Com sorte e um pouco de sabedoria, o sujeito do outro lado, deixou o aparelho na gaveta da mesa de escritório e foi observar o mundo real. Saborear o prato de arroz, feijão, bife e batata-frita! 

Mas, para tudo! Se o contato de trabalho também for um viciado não assumido em smartphones, ele não só colocará o aparelho sobre a mesa durante o almoço, como fotografará a própria refeição e postará a foto usando hashtags como #partiualmoço ,#arrozfeijaoebatatafrita, ou quem sabe algo como, #workaholicstambémalmoçam ?! 

Que graça teria escalar uma montanha e chegar lá no alto - se com sorte, existir sinal - e não publicar uma foto com uma frase do tipo "Invejosos fazem a minha fama!"?! Ou quem sabe postar uma foto com aquele decote profundo e citar Clarice Lispector, Cecília Meireles ou Caio Fernando Abreu?!

Crush que mantém a paquera no digital e não suporta dar um telefonema. Nudes que antecipam o encontro e o toque de pele - que apesar de ancestral, é bem melhor que qualquer tecnologia! 

Desejamos feliz aniversário aos amigos com gifs de ursinhos que baixamos no Google, colecionamos mais de 200 contatos na lista telefônica, mas fazemos ligações para meia dúzia deles, apenas. Nas ruas, as pessoas andam com as cabeças baixas feito zumbis, distraídas no mundo digital. Não ouviram o passarinho cantando e nem viram a moça bonita que passa pela rua.

Uma geração inteira cujos diálogos se resumem em "Sou dessas", "Não sou obrigada!" e "Eu na vida!", que apelida de textão no Facebook, escritos com humildes 1200 caracteres, pois não leem sequer, um livro de 50 páginas por ano.

Prevejo o futuro nesse momento! E não o faço baseada em algoritmos do Google.  Bebês estão nascendo via aplicativos nomeados como "Have a child now". Duvida? Vejo o pai na sala mandando a seguinte mensagem para o filho que está no quarto ao lado, o mesmo que nasceu do app: "O jantar está na mesa!". 

É o fim da aventura humana na Terra! Por favor, salve-nos, espírito do Zygmunt Bauman!
 

 

 

 

 


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