Ele tinha o olhar profundo, lânguido, como quem desejasse um sonho na rede da varanda. Nas conversas sérias ou nos papos soltos, o olhar era sempre tão interminável, que doía!
Vez ou outra Alice desviava os olhos para fugir, pois tinha a sensação de que ele adivinharia todos os segredos dela. Inclusive, os guardados tão criminosamente! Por isso, ela preferia os silêncios que faziam quando os olhares não se cruzavam e um medo excitante pairava no ar. Até que incomodada, interrompia:
_Adivinha então meus temores, que te dou coisas melhores!
Mas, ele não agia! Sentado na frente dela, brincava mais um pouco com o copo e soltava palavras evasivas. E, então olhava bem nos olhos dela novamente e sorria, de forma que parecia parecer invadir todos os quartos trancados a sete chaves.
Alice respirava fundo e rompia o medo:
_Eu já te disse que o seu olhar é o mais lindo que já conheci?
Ele ria com pouco caso e falava:
_E que você foge do meu olhar porque esconde coisas? Eu já te falei?!
Aquela sinceridade irônica descia pela espinha da moça, parava gelada no estômago e suas bochechas coravam.
Então, o rapaz arrematava:
_E não há nada mais instigante do que mulheres com segredos!