Ganhei um livro de autoajuda há alguns meses. Nunca gostei desse gênero literário, mas o guardei pelo carinho que tinha pela pessoa que havia me dado. Vez ou outra quando estava entediada da TV, pegava-o e abria em uma página qualquer. Dividido em contos, dava para lê-lo em partes.
Aos poucos comecei a gostar, e quando percebi, quase que diariamente o abria. Lia e relia os mesmos textos, em alguns dias odiava e criticava, já em outros, adorava e sentia-me naquele contexto. Quando viajava, sentia falta! Tornou-se uma rotina, um companheiro de cabeceira.
Porém, comecei a notar que às vezes chegava do trabalho e ele não estava lá. Procurava pela casa e o encontrava em algum cantinho, meio amassado. Pegava-o com cuidado e recolocava naquele lugarzinho meu e tão seguro. A cena se repetiu e, por mais que eu perguntasse, não encontrava quem o tirava de perto de mim. Reencontrava-o novamente, lia um textinho, buscava algo que ainda não via e insistia nessa rotina.
Dia desses, novamente, não o achei. Busquei pela casa e também não o encontrei. Já faz alguns uns dias que não o encontro, ainda procuro, mas algo me diz, que alguém o tirou de mim. Justo agora, que tinha tomado gosto por aquele livro, feito dele um hábito, uma companhia, mesmo que rotineira. Se ele não aparecer, vou ter que buscar um outro livrinho, mesmo sabendo que nenhum é igual a outro. Perderia esse encanto inicial. Fazer o quê? O jeito mesmo é aceitar que tenho que abrir outras páginas, viver outras histórias.
*Texto escrito por Cris Mendonça em 2009.