Há poucos dias soube que a minha sobrinha, um bebezinho que ainda está na barriga, se chamará Marina. O nome significa “a que vem do mar”. E, apesar de saber que ela nascerá em uma cidade cercada apenas de rios, eu acredito que seu nome faça todo sentido. Gosto de pensar que cada nova vida venha de lugares onde os azuis do céu se confundam com os azuis dos mares. Ambientes que se tocam de forma tênue, sendo quase impossível saber onde um começa e, o outro, termina.
Todos nós somos vindos do mar. Não o geográfico, mas o existencial: de cores que se encostam e se recriam, de profundezas capazes de abrigar infinitas formas de vida; de ondas que vão e voltam na orla da praia. Mares ora intempestivos, ora calmos. Mares do que somos.
Por isso, Marina, venha como o seu nome prenuncia, enquanto estamos aqui atracados no porto à sua espera. A sua tia que gosta de escrever e imagina você lendo essa carta um dia. Seus pais para cuidar e ensinar; a sua irmãzinha que te aguarda para brincar; seus tios e tias para te mimar; seus avós para muitas histórias te contar; seus futuros amigos; sua futura vida; seu mundo particular com todos os mares – reais e imaginários – que navegará. Na sua embarcação, muitas vezes, estaremos juntos. Outras, só você pilotará. Pois, menininha, a vida é assim: a gente vive junto, pode partir e voltar ou, definitivamente, se separar. Viver é, em todo sentido, navegar.
Copyright © 2022 I Cris Mendonça. Para Marina: minha sobrinha que vai nascer. Todos os direitos reservados.