Jiboia, para quem não sabe, também é nome de planta. E, ao contrário do réptil xará, dá para ter em casa sem riscos. Ela cresce na terra e na água e se você for, minimamente, cuidadoso, vai ter uma jiboia para chamar de sua por um bom tempo! O mesmo não ocorre com as pessoas que se conhecem nos aplicativos de paquera. Umas escorregam; outras não dão frutos.
O fato é que, tal como a planta jiboia, é preciso ser resiliente. Adjetivo que uma colega de trabalho odeia, pois segundo ela, resiliência é palavra utilizada para aceitar o fato de que o mundo é sacana. E ninguém deveria ser obrigado a gostar disso. Errada, ela não está!
Afinal, resistir e se adaptar a solos inférteis pode fazer sua casca ficar grossa demais. Ok! Vende-se por aí que só os fortes sobrevivem; mas atire a primeira pedra quem nunca chorou no travesseiro querendo que a vida fosse um pouco diferente!
Talvez, por isso, o número de pessoas morando sozinhas com seus gatos, cachorros ou plantas não para de crescer! É mais fácil conviver com pets e arbustos do que com pessoas.
_Meu gato parece perceber quando não estou bem e vem deitar no meu colo! O mesmo não acontece com o rapaz que estou ficando há oito meses e diz que não está preparado para um relacionamento sério_conta a moça em uma roda de amigos na mesa do bar.
_Prefiro cultivar minhas azaleias, pois pelo menos é um relacionamento onde recebo flores!_ diz o outro com um sorrisinho amarelo.
A geração que se cerca de não-humanos conclui que no WhatsApp muita gente parece ser interessante e que, no Instagram, todo mundo é mais bonito! Porém, assim de perto, nada é tão simples! Haja garrafa de vinho e bom gosto musical para superar gente que transa à noite e não dá "Oi" no dia seguinte. Haja discurso de liberdade para superar que ninguém é de ninguém e que, no Tinder, tem sempre um match - aparentemente - mais interessante que o atual.
Vão se trocando nudes, enquanto se cultiva ervas aromáticas no apartamento. Até que tudo seque por falta de rega e afeto!
Nem todo mundo nasceu para ser botânico de ap, muito menos, cuidador de um bicho só! Tem gente que cultiva a ideia de andar de mãos dadas por aí; tem mania de falar o que pensa e o que pretende, só por respeito aos sentimentos do outro. Funciona assim com os amigos e com os familiares que amamos: a gente cultiva como planta; dá carinho como se fosse um cachorrinho.
Dá para viver bem distribuindo nossa honestidade e o nosso cuidado para qualquer ser vivo. Se for para colecionar, que sejam selos. Gente é carta que se escreve à mão, sem nunca repetir a caligrafia.
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