Se a vida fosse sobre as velhinhas que ficam nas janelas, vestidas de branco, olhando o trânsito às 7h30 da manhã . Se fosse sobre o tapete de flores que os ipês formam quando vão perdendo suas cores. Se a vida fosse sobre os olhos curiosos da minha sobrinha. Se a vida fosse sobre olhar a casa azul da rua Ipiranga, no bairro Floresta. Sobre amigos que se gostam mesmo que não se vejam há anos. Se a vida fosse sobre tempo, olhares que repousam, sorrisos sem palavras, sobre ver fotos antigas e perceber como envelhecemos. Essas pequenezas gigantes que se transformam, respiram e inspiram.
Se a vida fosse o que ela realmente é! Não o relógio de ponto, não o ego, não as coisas que se compram com salários que não pagam paz de espírito. Se a vida fosse sobre trabalhar sem levantar muros, vaidades, prazos, insônias e angústias. Se a vida fosse não um cenário, mas um itinerário sobre o que realmente desejamos.
Aos 18 vai se embora, aos 60 não se pode voltar atrás e aos 80 a gente conclui, finalmente, que tanta coisa tanto faz.
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