Quando foi que me perdi de mim? Quando foi que deixei de ser aquela menina valente e determinada voando sobre as terras do mundo? Fiquei em alguma curva da estrada quando me guiei, sem conselheiros, por estradas urbanas, cidades de prédios altos, gravatas, cargos e falsas ameaças atrás de mesas cinzas.
Um fio de mim ainda está preso em fotografias de gente simples e lugares distantes. Ainda sou a menina que gosta de passar o domingo no sítio comendo fruta debaixo do pé.
Ah esses shoppings de vitrines mudas, essa gente apressada em ruas sujas, esses ladrões de bolsas e celulares, tão perdidos quantos nós!
Uma gaita toca melodias tristes no meu coração enquanto o ônibus lotado não chega. Sou eu deste lugar? Que tempestade guiou meu barco para essa praia?
Fecho os meus olhos para conseguir ouvir os pássaros que cantam sobre árvores desfolhadas e sedentas de chuva...Fecho os meus olhos e viajo para longe daqui! Nem sempre é possível sorrir, nem sempre é possível se adaptar.
Compro a passagem para Pasárgada, mas ela é longa e sinuosa. Chegarei? Chegaremos? Nesta casinha no campo, nesta rede na varanda, neste emprego dos sonhos, neste amor de felizes para sempre, nesta ilusão tão perigosa quanto absurda?!
Caminho. Caminhamos.Caminharemos.
Taças de vinho nos embriagam. Um livro nos distrai. Selfies nos enganam.
Quais são as verdades do seu coração?